Paisagem, mero artifício traz ao MARP obrasde Aline Moreno e Corina Ishikura

De 7 de novembro a 19 de dezembro, com reabertura de 6 a 16 de janeiro de 2026, o MARP – Museu de Arte de Ribeirão Preto apresenta a exposição “Paisagem, mero artifício”, das artistas Aline Moreno e Corina Ishikura, com curadoria de Marina Frúgoli (assistência de Letícia Castro) e curadoria institucional de Nilton Campos. A abertura ocorre na sexta-feira, 7/11, às 19h30, no MARP (Rua Barão do Amazonas, 323 – Centro), com entrada gratuita.

A mostra, contemplada pelo PROAC – Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo, faz parte do Projeto Mensurando Horizontes, reunindo 16 trabalhos em pintura, escultura, instalação e vídeo — sendo cinco inéditos. As artistas dialogam em torno da ideia de paisagem como construção simbólica, cultural e política — uma paisagem feita de matéria, gesto e memória, propondo ao público um olhar expandido sobre o território e sobre as relações entre natureza e artifício. “As duas artistas trabalham pela matéria e pelo espaço: madeira, pedra, tinta a óleo, carvão, vídeo. O visitante percorre a sala e encontra paisagens ora construídas por dados e mapas, ora reinventadas pelo gesto”, resume a curadora Marina Frúgoli.

Segundo Aline Moreno, a pesquisa avança entre fragmento e totalidade. “A pedra é fragmento; a montanha, imagem de conjunto.  Interessa tensionar essas escalas”, diz a artista, que pinta diretamente sobre madeira e produz relevos artificiais a partir de simulações topográficas. “Quando multiplico a linha do horizonte ou reorganizo cortes verticais, a paisagem permanece presente, mas não se oferece inteira.”

Para Corina Ishikura, o ponto de partida é cartográfico e aéreo. “Trabalho com mapas, imagens de satélite e dados reconfigurados em pinturas e instalações”, explica. “O foco recai sobre traçados urbanos, nas áreas verdes e nas ausências que revelam como ocupamos o território”.  Em suas peças recentes, madeira, carvão e cinzas operam como comentário material sobre extração e transformação.

A montagem evita separar autorias: obras de Aline e Corina aparecem lado a lado, promovendo encontros formais (veios de madeira, superfícies e dobras) e choques de escala (do relevo simulado ao plano urbano). “Esse diálogo já existia antes do projeto”, lembra Aline. “Visitamos nossos ateliês, trocamos técnicas, acompanhamos processos.” A curadora completa: “Minha função foi mediar e amarrar: pensar espacialmente o conjunto e acentuar as vizinhanças conceituais”, explica Frúgoli.

Percurso expositivo – recortes

Aline Moreno e Corina Ishikura transitam entre linguagens bi e tridimensionais, com obras que dialogam com a espacialidade da sala e refletem sobre a ocupação humana do território. Ambas partem das ações humanas na constituição da paisagem: Corina pelas cartografias urbanas e desigualdades ambientais; Aline pela própria constituição do imaginário de paisagem e natureza.  As artistas se aproximam de recursos da cartografia, topografia, dados censitários, imagens e medições de satélite e a geração de paisagens artificiais através de algoritmos computacionais.

A exposição tensiona questões sobre as formas de ocupação do território e apropriação da paisagem, questionando se existem outras maneiras de lidar e conviver com a natureza sem que esta seja tratada como mero recurso a ser consumido. O objetivo é despertar o pensamento ecológico, urbano e territorial que o projeto se propõe a desenvolver.

Entre as séries apresentadas por Moreno, estão pinturas de paisagens   montanhosas (óleo sobre madeira), esculturas derivadas de simulações de relevo e obras que aproximam a pedra jaspe madeira aos veios de madeira compensada, contrapondo tempo geológico e tempo humano.

No trabalho de Ishikura, destacam-se instalações em madeira, carvão, pinturas a óleo (com incidência de carvão e cinzas) e um vídeo que condensa natureza geológica e artifício humano. “É uma experiência de circulação”, afirma a curadora. “Estar na sala para pensar espaços que estão fora dela”, complementa.

Oficinas gratuitas – programação formativa

A exposição conta ainda com duas oficinas gratuitas prévias, que integram a programação formativa e acontecem no dia 1º de novembro: a primeira, com a artista visual Adriana Amaral, será realizada das 9h às 12h, e a segunda, com artista plástica Cristina Aliperti, das 13h às 15h, ambas no MARP – Museu de Arte de Ribeirão Preto, sem necessidade de inscrição. Segundo a produção, a proposta é antecipar a abertura da exposição com prática e conversa, visando aproximar o público da ideia de paisagem. 

Livro em produção

O projeto da exposição inclui a construção do livro Paisagem, mero artifício, em fase de produção. Mais que um catálogo, a publicação reunirá entrevistas, textos críticos e ensaios fotográficos. “É uma publicação que amplia a discussão sobre a nossa relação com a paisagem, a partir de um recorte mais amplo da produção das artistas”, antecipa a curadora do projeto. A publicação, prevista para o início de 2026, amplia o debate sobre a paisagem na arte contemporânea.

Serviço
Exposição: Paisagem, mero artifício
Artistas:
Aline Moreno e Corina Ishikura
Curadoria:
Marina Frúgoli | Assistência de curadoria: Letícia Castro
Curadoria Institucional:
Nilton Campos
Abertura:
7 de novembro de 2025 (sexta-feira), às 19h30
Período:
7/11 a 19/12/2025 | Reabertura: 6 a 16/01/2026
Local:
MARP – Museu de Arte de Ribeirão Preto
Endereço:
Rua Barão do Amazonas, 323, centro – Ribeirão Preto (SP)
Horário de visitação:
terça a sexta, das 9h30 às 12h e das 13h às 17h30. Aos sábados, nos dias 08/11, 29/11, 13/12 e 10/01/2026, visitação das 9h às 15h. Nos dias 20 e 21/11 o MARP estará fechado.
Entrada:
gratuita
Produção:
Líria Cultural | Lydia Arruda | Assistente de produção: Mariana S. Pinheiro
Informações:
(16) 3635-2421 | Instagram: @marpmuseudearte

Lista de obras
Aline Moreno

•        Sem título #2, série Multiplicador de horizontes (2025) — tinta a óleo sobre madeira, conjunto 102 × 142 cm e 26 × 17 cm.  

•        Sem título #7, parte 1, série Paisagem construída (2025) — tinta a óleo e gesso cré sobre madeira, 96,5 × 115 cm.

•        Sem título (2024) — madeira, papelão, fibra de vidro, massa plástica, massa corrida e tinta spray, 91 × 50 × 58,5 cm.

•        Sem título (2022) — madeira, papelão, gesso, massa corrida e tinta spray, 60 × 36 × 37 cm.

•        Sem título (2022) — madeira, papelão, gesso, massa corrida e tinta spray, 73 × 35 × 27 cm.

•        Sem título #7, parte 1, (série Deslocamentos (2024) — madeira e pedra, 30 × 34 × 4,3 cm.

•        Sem título #7, parte 2,  série Deslocamentos (2024) — madeira e pedra, 30 × 34 × 4,3 cm.

•        Sem título #7, parte 3, série Deslocamentos(2024) — madeira e pedra, 34 × 30 × 4,3 cm.

Corina Ishikura

•        Dobra expandida (2025) — madeira, 460 x 200 x 50 cm

•        O que sustenta o céu (2025) — madeira, 200 × 150 cm.

•        Dado indisponível (2025) — tinta a óleo sobre madeira, 100 × 250 cm.

•        O mundo cabe nesta janela (2024) — vídeo-arte, 4’15’’.

•        Sem título, série A poética do espaço II (2025) — óleo e carvão sobre tela, 20 × 70 cm.

•        Sem título, série A poética do espaço II (2025) — tinta a óleo sobre tela, 40 × 40 cm (2 obras).

•        Seis elementos (2025) — carvão, madeira e metal, 100 × 100 × 100 cm


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