O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um distúrbio de saúde mental caracterizado por obsessões – pensamentos, impulsos indesejados ou imagens intrusivas e recorrentes – e compulsões, que são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa se sente compelida a realizar. Essas obsessões e compulsões causam sofrimento significativo e interferem na vida diária.
O neurocirurgião Ledismar Silva destaca que o procedimento cirúrgico é recomendado apenas nos casos graves, quando os medicamentos deixam de fazer efeito no tratamento do TOC. “Quando um neurocirurgião e um psiquiatra de fora da equipe relatam que o paciente não responde mais ao tratamento conservador e depois de cinco anos de aumento, nós entramos com o tratamento cirúrgico”, pontua
O especialista está atualmente com um paciente aguardando a avaliação do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) para validar a indicação cirúrgica, que será a primeira realizada no Hospital Unique. Ele destaca que no Brasil há poucos profissionais habilitados para executar o procedimento.
Outro obstáculo, segundo o neurocirurgião Ledismar Silva, é que além da escassez de profissionais qualificados, existe o preconceito. “Existe o estigma, o preconceito em relação às cirurgias psiquiátricas. Por isso muitos pacientes que poderiam se beneficiar padecem com a doença”.
O tratamento cirúrgico pode ser feito de duas formas – por meio da estimulação cerebral profunda (DBS) ou através de técnicas ablativas. De acordo com Ledismar Silva, a segunda opção tem como vantagem o fato de ser mais baratas em relação ao DBS e permitir atuar em diferentes áreas (circuitos) doentes responsáveis pelo TOC.
“Essa cirurgia dura cerca de quatro horas, é realizada por meio de técnica segura e eficaz, tem baixa mortalidade, necessita de internação de um dia e apresenta risco de complicações menor que 1%. Ou seja, é rápida e apresenta baixo risco aos pacientes”.
Obsessões e compulsões
O TOC é um distúrbio de saúde mental caracterizado por obsessões e compulsões que causam sofrimento significativo e interferem na vida diária. As obsessões – pensamentos, imagens ou impulsos indesejados e recorrentes que invadem a mente da pessoa, causam desconforto e ansiedade. Preocupação excessiva com contaminação, medo de causar danos a si mesmo ou a outros, necessidade de simetria ou ordem perfeitas, pensamentos ou imagens perturbadoras ou obscenas são exemplos de obsessões.
Já as compulsões são comportamentos ou rituais repetitivos que a pessoa se sente compelida a realizar para aliviar a ansiedade causada pelas obsessões. São exemplos de compulsão a lavagem excessiva das mãos, verificação repetida de coisas como fechaduras ou aparelhos, organização ou ordenação excessiva de objetos e repetição de palavras ou frases.
O neurocirugião afirma que é importante ressaltar que o TOC não é apenas uma mania ou hábito. É uma condição de saúde mental que requer tratamento – que pode incluir terapia cognitivo-comportamental (TCC), medicamentos ou uma combinação de ambos. O tratamento pode ajudar a reduzir os sintomas do TOC e melhorar a qualidade de vida.
O TOC pode afetar significativamente a vida diária da pessoa, causando dificuldade em realizar tarefas cotidianas; problemas no trabalho ou escola; dificuldades em relacionamentos interpessoais; isolamento social e impacto na saúde mental, como ansiedade e depressão.
Cirurgia para agressividade
O neurocirurgião Ledismar Silva orienta que existe também cirurgia para pacientes com agressividade, que desenvolvem quadro de autoagressão – que batem com a cabeça na parede ou si dão socos – ou que agridem outras pessoas, como familiares, cuidadores, pessoas que visitam a casa.
“Tudo isso pode levar a uma condição social insustentável. São famílias reclusas, sofredoras. Muitas vezes constroem quartos com grades, camas com grades. Já vimos pacientes ficarem algemados devido à gravidade dessa agressividade e do risco que representa aos familiares e a si próprio paciente. Há muitos relatos de pacientes que quebram tudo em casa, pegarem faca e partiram para cima dos familiares e de visitantes dessa família”, relata
O procedimento cirúrgico é recomendado quando o tratamento conservador não apresenta mais resultados. “Indicamos a cirurgia para aqueles pacientes que têm cinco anos de tratamento conservador, que já tentou de tudo, e que mais uma vez o psiquiatra atesta junto com outro neurocirurgião que não tem jeito com medicamento, daí entra assim o tratamento cirúrgico que é realizado por especialistas da neurocirurgia funcional”, explica o médico.
Serviço
Cirurgia para TOC e agressividade
Fonte especialista: Neurocirurgião Ledismar Silva, da equipe do Hospital Unique
Onde: Hospital Unique (Av. T-3, Setor Bueno, Goiânia, GO)
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