Cresce a procura por partos humanizados no Brasil e especialista explica os benefícios para o bebê

A busca por um nascimento mais respeitoso e centrado na mulher tem levado gestantes a optarem pelo parto humanizado, modelo que ganha força em todo o Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, mais de 25% dos partos realizados no SUS em 2023 seguiram diretrizes humanizadas, número que tem aumentado com a adesão de hospitais públicos e privados às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). A abordagem prioriza o protagonismo da mulher, a redução de intervenções desnecessárias e o contato precoce com o bebê — práticas que impactam diretamente o bem-estar do recém-nascido.

No Hospital Mater Dei Goiânia, protocolos específicos foram implementados para garantir que mães e bebês vivenciem esse momento com segurança e acolhimento. A pediatra Mariana Perillo, integrante do corpo clínico do Hospital Mater Dei Goiânia na área de assistência ao recém-nascido na sala de parto e urgência e emergência pediátrica, explica como a humanização do parto contribui para o desenvolvimento saudável da criança desde os primeiros minutos de vida.

Mariana Perillo, médica pediatra do Hospital Mater Dei Goiânia Crédito @vitorzfoto

Foco no bem-estar do recém-nascido

Segundo Mariana Perillo, o parto humanizado, do ponto de vista pediátrico, valoriza o ritmo fisiológico do nascimento e prioriza práticas baseadas em evidências. “O objetivo é garantir o bem-estar do recém-nascido desde os primeiros minutos. Isso inclui o contato pele a pele imediato com a mãe, o início precoce da amamentação e a manutenção do vínculo afetivo sem separações desnecessárias”, afirma.

A médica destaca que estudos da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) apontaram benefícios significativos: menor incidência de intervenções neonatais, melhor estabilidade térmica e glicêmica, além de maior sucesso na amamentação.

No contexto do parto humanizado, a presença de um pediatra é fundamental. “Mesmo em um cenário com menos intervenções, é essencial ter um profissional preparado para avaliar rapidamente as condições clínicas do bebê e agir em caso de necessidade”, explica Mariana.

Segundo ela, procedimentos como o exame físico e o Teste de Apgar (avaliação rápida e padronizada da saúde de um recém-nascido logo após o nascimento) podem ser realizados enquanto o bebê permanece no colo da mãe, desde que ele esteja estável. “É uma forma de preservar o vínculo afetivo sem abrir mão da segurança neonatal.”

Protocolo humanizado no Hospital Mater Dei

No Hospital Mater Dei Goiânia, o parto humanizado é respaldado por diretrizes específicas. A instituição oferece estrutura e equipe multiprofissional treinada para respeitar as escolhas da gestante e garantir práticas baseadas em evidências científicas.

“Aqui, o plano de parto é valorizado, a paciente pode escolher a posição para parir, contar com acompanhante de sua preferência e recusar intervenções sem justificativa clínica”, relata a pediatra. A ideia é equilibrar o protagonismo da mulher com os critérios de segurança para mãe e bebê, promovendo um ambiente acolhedor e tecnicamente preparado.

“Hora de ouro” e vínculo afetivo

Entre os pilares do parto humanizado está o contato pele a pele entre mãe e bebê logo após o nascimento. Esse momento, conhecido como “hora de ouro”, traz impactos positivos comprovados: favorece a colonização da microbiota materna, estabiliza a frequência cardíaca e respiratória do recém-nascido, regula a temperatura corporal e reduz o choro.

“Sinais como choro vigoroso, boa coloração e respiração espontânea indicam que o bebê pode permanecer com a mãe sem necessidade de separação”, explica Mariana. A separação só ocorre quando há alguma intercorrência clínica.

Apesar de priorizar o nascimento fisiológico, o parto humanizado não descarta o uso da tecnologia. “Sempre que há sinais de sofrimento fetal, necessidade de reanimação, apneia ou baixa pontuação no Apgar, as intervenções são realizadas com agilidade”, reforça a médica. Para Mariana, a humanização não se opõe à medicina: ela organiza os recursos técnicos com respeito, empatia e ciência.

Importância da consulta pré-natal pediátrica

Um dos pontos ressaltados pela especialista é o papel da consulta pré-natal pediátrica, ainda pouco conhecida por muitas famílias. “Esse momento é fundamental para alinhar expectativas, tirar dúvidas sobre os primeiros cuidados com o bebê e construir uma relação de confiança com a equipe que estará presente no parto”, orienta Mariana. Ela acrescenta que essa conversa permite planejar condutas como o contato pele a pele, aleitamento precoce e evitar intervenções desnecessárias logo após o nascimento.

Para gestantes que desejam um parto mais respeitoso, a dica da pediatra é buscar informações seguras e dialogar com a equipe assistencial. “A ciência e o acolhimento caminham juntos no parto humanizado. Quando conduzido com preparo e sensibilidade, esse modelo oferece segurança e fortalece os vínculos familiares desde o início”.


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