Com o objetivo de prevenir o suicídio, foi criada a Campanha Setembro Amarelo. Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgam a iniciativa. O suicídio é uma triste realidade que atinge o mundo todo e gera grandes prejuízos à sociedade.
De acordo com pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de um milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia
Os motivos que levam uma pessoa ao suicídio podem envolver desde aspectos sociais e econômicos até os psicológicos e psicopatológicos. Contudo, em sua maioria, apresentam como base diferentes transtornos mentais, sendo a depressão o mais comum.
“Hoje a depressão é um problema de saúde pública mundial. Os dados são alarmantes. A cada 45 minutos no Brasil alguém comete suicídio e por dia aí são mais ou menos 30 a 40 internações para as pessoas que tentam suicídio”, afirma o neurocirugião Ledismar Silva, do Hospital Unique, em Goiânia.
A depressão é um transtorno mental que afeta pessoas de diferentes idades, gênero e classes sociais, causando prejuízos para a vida pessoal, profissional e acadêmica do paciente. Tem como principais características a tristeza persistente e a perda de interesse em atividades, antes consideradas prazerosas. Tais sinais são acompanhados da falta de realização de atividades diárias, por, pelo menos, duas semanas.
É importante compreender que a depressão não é um sinal de fraqueza, sendo considerada uma doença tratável por meio de acompanhamento médico psiquiátrico e psicoterapia. Embora ela possa ocorrer em diferentes níveis, todos exigem uma atenção especializada, já que essa é uma condição que pode desenvolver outros transtornos psiquiátricos relacionados.
Uma boa notícia é que existem neurocirurgias para depressão, um tratamento reservado a casos graves de depressão refratária, cujos sintomas não foram aliviados por outros tratamentos, explica o neurocirurgião. A decisão por um tipo de procedimento específico é tomada por uma equipe multidisciplinar e leva em conta a condição do paciente e a sua preferência.
“É sempre um procedimento que deve ser indicado, estudado, discutido por equipe multiprofissional, que vai incluir aí o neurocirurgião, o psiquiatra e o pessoal da psicoterapia, os psicólogos. Nesse contexto de multidisciplinaridade, o psiquiatra é extremamente importante porque ele que tem a capacidade técnica de estar atestando a refratariedade do quadro depressivo, o neurocirurgião não tem essa expertise. Esse conhecimento reforça a necessidade de uma equipe multidisciplinar no tratamento”.
Entretanto, Ledismar Silva destaca que a grande questão é que essa cirurgia para depressão não é regulamentada no Brasil. “Ela está ainda em fase experimental, mas tem uma chance de sucesso aí em torno de 40% a 50%. É um assunto polêmico, controverso, que a gente tem que conversar, tem que botar para discussão, porque é uma possibilidade de tratamento promissora que está chegando”, defende o neurocirurgião.
O médico afirma que cerca 10% da população brasileira não responde a nenhuma forma de tratamento proposta, não responde aos tratamentos psiquiátricos, com diversos esquemas de medicamentos, não responde a psicoterapia, não responde a estimulação magnética transcraniana, não responde a eletroconvulsoterapia, ou seja, não responde a nada.
“Neste contexto surge uma possibilidade cirúrgica, uma esperança que a neurocirurgia funcional poderia intervir para tentar tratar pessoas com maior gravidade”, afirma. O neurocirurgião reforça que, diante de um problema tão grave, o tratamento cirúrgico deve ser colocado como opção de tratamento nesses casos bem graves.
Currículo
Ledismar Silva é Médico Neurocirurgião Funcional e faz parte do corpo clínico do Hospital Unique, em Goiânia. É graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Vassouras, no Rio de Janeiro (1996). Cursou residência médica, obtendo título de especialista em Neurocirurgia pelo Hospital Santa Mônica. É membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e também da International Neuromodulation Society. Professor do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), é mestre em Gerontologia pela Universidade Católica de Brasília e especialista no tratamento de dor e distúrbios de movimentos, assim como no tratamento cirúrgico de doenças psiquiátricas.
Servico
Setembro Amarelo
Pauta: Neurocirurgias podem ser opção de tratamento reservado a casos graves de depressão refratária
Fonte especialista: Neurocirurgião Ledismar Silva, do Hospital Unique
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