Disputas por herança desafiam a continuidade das empresas familiares no Brasil

As empresas familiares representam hoje cerca de 90% dos negócios no Brasil, gerando 65% do PIB e 75% dos empregos privados, segundo dados do Sebrae e do IBGE. Apesar da relevância econômica e social, a continuidade ao longo das gerações ainda é um dos maiores desafios desse modelo empresarial.

De acordo com levantamento da PwC, apenas 30% das empresas familiares brasileiras conseguem chegar à segunda geração. Esse índice despenca para 12% na terceira geração e menos de 3% alcançam a quarta.

Para a advogada Ana Franco Toledo, sócia do Dosso Toledo Advogados, o problema está, muitas vezes, na falta de planejamento sucessório adequado.

“Muitos empresários evitam falar sobre sucessão por receio de criar conflitos familiares, mas a ausência de um plano estruturado acaba sendo muito mais prejudicial. O resultado, em grande parte dos casos, é a disputa judicial entre herdeiros, que pode comprometer a continuidade da empresa”, afirma.

O advogado Ricardo Dosso, também sócio do escritório, reforça que a preparação é essencial para garantir a perpetuação dos negócios.

“A sucessão empresarial não deve ser tratada como um evento repentino, mas como um processo. Envolve governança, definição de papéis, criação de protocolos familiares e, em muitos casos, estruturação de holdings para separar a gestão do patrimônio da operação do negócio”, explica.

Segundo os especialistas, as disputas por herança são um dos principais fatores que levam ao enfraquecimento ou até à quebra de empresas familiares, especialmente quando não há mecanismos jurídicos claros para disciplinar a relação entre sócios e herdeiros.

O tema ganha ainda mais relevância diante do crescimento do número de empresas familiares que atuam em setores estratégicos da economia, como agronegócio, comércio e indústria.

“A longevidade dos negócios depende cada vez mais da profissionalização da gestão e de uma sucessão planejada. O empresário que se antecipa garante não só a tranquilidade da família, mas também a sustentabilidade da empresa ao longo das próximas gerações”, conclui Ana Franco Toledo.


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